06 fevereiro, 2010

8.000.000 Toyotas chamados às oficinas

E já é o segundo recall em poucos meses da mesma marca(!) totalizando 11.800.000 de veículos em menos de um ano. Na marca que cresceu às custas da fama de construir carros indestrutíveis. E eu que o diga! Que tentei destruir uma Toyota Dyna por dezenas de vezes e nunca o consegui. Oooohh
Pois é, esse maravilhoso produto desses notáveis japoneses que nos deram os Kamikazes, o hentai e a Toyota Dyna, veículo preferido em Angola. Construído por gentes de Ovar comandadas por esse personagem de nome Salvador, que sim, já deu para aí uns trocados para obras de beneficiência, mas conhecido por personagem de manias várias. Talvez tente imitar algum cromo de Manga.
Curiosamente a imagem dessa marca que nos deu a hiace e a dyna, campeões de vendas de quem trabalha continua impecável. Os contabilistas vão continuar a comprar avensis, e os reformados das repartições públicas corollas de 4 portas para passear a D. Lurdes e o lulu ao Domingo.

Os dentistas é que ficaram orfãos da Saab, pois faliu e acabou nas mãos da Spyker, construtor que até aqui conseguia construir menos de 100 carros por ano. Talvez a partir de agora conduzir um passe a ser uma experiência mais interessante que passar o fio dental. A não ser que o melhor que consigam seja aplicar alumínio martelado no tablier. A Volvo foi vendida aos chineses e a Jaguar e Land Rover à Tata. Chegou-se a falar que a Alfa Romeo seria vendida à VW, mas Marchionne prefere deixá-la falir. A Lancia, uma das mais icónicas marcas mundiais vai ser uma rodela de latão nas grelhas dos Chrysler vendidos na Europa.

Tudo vai bem quando acaba bem

17 setembro, 2009

Parabéns


Parabéns Sir!

Hoje faz anos o maior piloto que nunca foi campeão mundial. Em 17 de Setembro de 1929 nasceu em Londres Stirling Moss. Piloto que foi vice campeão 4 vezes consecutivas entre 1955 e 1958, precisamente na época dourada da fórmula 1, quando os carros eram pilotados por homens e não por processadores. Os carros foram os lendários Mercedes W196, Maserati 250F, Vanwall 57 e Cooper T43

Moss ganhou 194 de 467 corridas em que participou. Participou recentemente no grande prémio histórico da Boavista de 2009 num OSCA e também na sua promoção, em 17 de Maio último, num evento que reuniu dezenas de descapotáveis reunidos em volta do Castelo do Queijo.

O episódio mais marcante na sua carreira foi a vitória na Mille Miglia de 1955, concluindo os 1597 quilómetros de estrada aberta com o tempo de 10 horas, 7 minutos e 48 segundos, no Mercedes 300SLR nº722 (vide McLaren Mercedes SLR 722 Stirling Moss, hiper-carro criado para a comemorar a efeméride) à frente de Juan Manuel Fangio. Outro episódio entre os dois foi quando Moss ganhou a Fangio no GP da Grã-Bretanha de 1955, em que Moss ultrapassou o seu colega de equipa no último momento. Até à morte de Fangio, o seu colega e amigo Moss o questionou se ele o tinha deixado ganhar na sua terra natal, a que o lendário argentino sempre lhe respondeu que Moss simplesmente tinha sido melhor nesse dia. Histórias do tempo dos gentlemen drivers.


Elio Zagato R.I.P.



Morreu no passado dia 14 de Setembro o designer e piloto Elio Zagato, com a bonita idade de 88 anos. “Doctore”, como era conhecido, era o filho do fundador da nossa conhecida Zagato, junto com Ercole Spada não só ajudou a nascer carros de marcas italianas e Aston Martins, como também veículos de outros construtores. Elio esteve em corridas ao mesmo tempo que Juan Manuel Fangio e Tazio Nuvolari.

A Zagato Carrozzeria ficou conhecida pelas inovações aplicadas em carros de corrida, que ficaram para a posteridade pela sua leveza, graças à utilização de materiais como o plexiglas. O tecto de dupla bolha e a “coda tronca” também são características de que todos nos lembramos quando pensamos em Zagato.

Elio cedo entrou para as corridas, tendo corrido 150 e ganho 85 delas, das quais 1 Targa Fiorio e várias Taças InterEuropa.

Recentemente Zagato especializou-se em carroçar exemplares únicos ao estilo “Haute Couture” e os seus valores são, como descreve este recente press-release:

“In homage to the tradition of the gentlemen drivers who asked Zagato to transform the bodywork of their cars, modern collectors choose mechanics at the top level of technical evolution and ‘dress’ them in tailor-made garments that increase in value as time passes.

This is the mission of a modern automobile atelier: to create timeless objects that celebrate prestigious models and brands and which, unlike mass produced vehicles, are destined to last for ever.”

Elio Zagato, ficará na memória colectiva, tais como as suas criações, para sempre.


10 setembro, 2009

DESAFINADO

dedico este video a Marchionne, para que ele afine a banda que parece querer perder o tom


Diário da minha viagem imaginária aos Alpes

dia 1

Quarta-feira, 1 de Abril de 2009

Hoje é dia dos enganos. Coincidência?

Como qualquer aventureiro que se preze, pus de lado o avião e ponho-me a caminho na minha máquina diabólica: o Alfa Romeo 75 2.0 TS Rosso Alfa. Ora digam lá se não é o carro do verdadeiro aventureiro?

Saio de casa de manhãzinha para aproveitar o fresco. Esta neblina às cinco da manhã! Decidi rapar o cabelo em boa altura. Nota mental: comprar um agasalho para a tola. Ora aí está um bom quadro, Carro quadradão dos oitentas e ganapo trintão com boné na cabeça… Está um frio que me corta a pele tal como a respiração. Olho de relance para o painel para ver a temperatura, mas logo me lembro que o carro do verdadeiro não tem semelhante luxo. Paciência, o verdadeiro não treme com um friozinho matinal. Ou treme?

O som rouco do motor rasga o silêncio matinal. Passa do ronronar de um leão na savana para o uivo de um lobo que ecoa nas estepes. Depressa chego à estação de serviço para um aconchego ao estômago. A empregada não consegue disfarçar o espanto quando saio do carro. Será do boné conjugado com a barba já com uns pelitos brancos? Eu não consigo deixar de pensar no que ela esperava que saísse do carro. Para cortar com a história, ao sair do estacionamento, desenho um onze na estrada com os pneus. O barulho deve-se ter ouvido nas portagens. Não contente saco um drift no acesso á auto-estrada. Ora aí está o verdadeiro a actuar! Cinco e meia da manhã e já me estou a comportar como um catraio, tudo corre como planeado...

Durante esta primeira parte da minha epopeia nada a declarar. Como não seria de espantar com a máquina infernal a velocidades proibidas cedo dei por mim a atravessar a fronteira. Seis e meia da manhã e já estou em Espanha, nada mau. Nota mental: acertar a hora quando parar. Paro passados nem dois minutos!… Acerto o relógio: Sete e trinta e cinco locais, a hora continental europeia é que me vai interessar a partir de agora. Primeira questão: paro quando chegar a Léon ou continuo a ganhar tempo ao relógio? Tenho mais de duas horas e meia para pensar. Dez e meia, estou a chegar a Léon, mais meia hora ganha, vou sair da auto-estrada. Ainda não cheguei ao primeiro verdadeiro ponto de interesse e já me comprometi em visitar os sítios por onde passei e andei. O meu corpo já pede para eu parar. Paro em Léon.

2ºparte

Hoje não consegui dormir, talvez pela expectativa desta viagem. O quadro já começa a aparecer. O carro, a viagem, sozinho. Será que é desta que começo a contrariar a curva descendente?

Deixo-me de dúvidas que só têm lugar no psiquiatra, Léon corta-me a respiração, tal como o estômago me começa a cortar as forças. É chegada a altura de parar.

Historicamente Espanha serviu como um tampão da cultura europeia em relação a Portugal, por isso temos uma cultura tão própria e única. Quando entrei em Espanha só aí senti que estava na Europa continental, Portugal e Galiza é qualquer coisa à parte, como se fôssemos um país àparte de tudo o resto que é ocidental. Léon faz-me sentir assim, Português.

E corta-me a respiração. Estes dez minutos a dar voltas começam-me a fazer repensar o plano de viagem, se calhar nesta epopeia até Stélvio faço um desvio a Dijon para matar saudades. Tenho de parar o carro e andar um bocado a pé. Ver alguns destes postais de viagem. Fico por cá para almoçar. Mas para já uma Tapa. Para beber: un corto, porque o dia já vai longo e a minha regra de não beber de manhã acho que desta vez se pode contrariar. Para adoçar: mantecadas. Agora sim o Sol já parece sorrir.

Uma volta pela cidade.

A catedral de Léon... - Está decidido, faço o desvio para Dijon - A catedral de Léon (igrejas são a minha forma arquitectónica favorita) é uma maravilha do meu estilo arquitectónico preferido, o Gótico. Daí a decisão de matar saudades de Dijon.

A catedral de Léon. Acabo por queimar o tempo que tinha para dar umas voltas, fixado na Catedral. Vê-se o resto de relance com o carro: Mosteiro de S. Marcos, o Palácio dos Guzmanes, a casa de los Butines(desenhada por esse ganda maluco que foi Gaudi) e o museu MUSAC, este sim, convenceu-me a cá voltar.

Almoço. Cocido léonés servido com uma sopa para abrir as hostilidades.

3ºparte

Stress pós-traumático de bem comer

Meto-me logo à estrada na esperança de não me deixar ultrapassar pelo ataque de endomorfinas que aí vem. O Sol da tarde na Meseta Ibérica até Burgos. Que programa interessante… duas horas de carro a vêr se não me estampo do sono. O Sol bate-me nos olhos ampliado pelo pára-brisas picado e arranhado pelas escovas do Alfa, nem as palas me protegem. 180km parecem 1000km! Quando chegar a Burgos tomo un corto.

A recompensa. A cerveja teve de abrir caminho na garganta colada. Un corto revelou-se curto. Outro. Agora sim, posso comer alguma coisa. O quê? Não vou gastar energias a decidir, Tapa, está decidido!

Burgos. Depois de Léon parece-me mais pequena de interesse, além disso não me posso desviar do objectivo e meter-me a caminho.

4º parte

Mais três horas de viagem e fecha-se o capítulo Espanha. Destino: Biarritz, logo a abrir França. Mais uma vez debato-me com os sintomas do Sol baixo e do cansaço de mais de 800km de trajecto durante todo o dia. Mas foi um bom primeiro dia pois Portugal e Espanha ficaram para trás. Pelo caminho ainda passo por Vitória e San Sebastian, mas nem paro, a próximidade dos Pirinéus fazem-me ougar pelos Alpes. A estrada entalada entre o Golfo da Biscaia à esquerda e os Pirinéus ao fundo à direita, com este Sol a desaparecer no lado do Atlântico é a tal paisagem que muitos gostam de chamar edílica, neste momento faz-me talvez um amargo de boca, pois de alguma forma me faz lembrar de um fim de semana com alguém que eu preferia esquecer. Engraçado como o coração teima em prevalecer sobre a consciência. Adiante.

Chego a Biarritz pouco antes das oito, mas sigo para Bayonne. Quanto a recordações ainda é pior a emenda que o soneto. Até o hotel me parece fazer vir à tona recordações. Um mau final para um dia que parecia estar a correr bem.

5º parte

Amanhã o programa promete: Bayonne, Pau, Toulouse, Narbonne, Marselha, Mónaco e Génova. Isto a correr muito bem! Atravessei Portugal e Espanha hoje, Amanhã terei de forçosamente atravessar França. Vamos vêr. Para já jantar no Lousteau, um hotel com vista sobre a baixa medieval, junto ao rio Adour. A vontade é conhecer esta cidade simpática. Depois de jantar vejo a disposição.

A disposição não chegou, ou seja, o melhor que vejo de Bayonne é esta vista estupenda do rio do pequeno quarto a preço simpático. Compensa em relação a Biarritz, talvez na volta por lá fique uma manhã a relaxar na praia. Tempo de ligar o computador e o telefone para verificar as mensagens. Mas que raio(!), eu disse longe de tudo. Férias de tudo e de todos. Ok, uma mensagem para a mãe e torno a desligar o telemóvel. Quando é que deixo de ser o menino da mamã?... Nem abro o mail! Apenas uma volta pela net e uma revisão dos contactos necessários para o dia de amanhã. Ligo a TV. Nada. Mais uma espreitadela pela janela e o sapo fica entalado na garganta… Será que volto?

Enfio-me na cama. O sono não aparece. O corpo e a mente continuam desregulados. Ligo a televisão, costuma resultar como sonífero. Nem assim. Levanto-me e fico sentado na cama com a cabeça segura pelos braços. Vou lá abaixo ao bar.

Peço um Kir. O fulano responde: “sim”. Estou tão imerso nos meus pensamentos que só dois segundos depois me apercebi. Retorqui: “tem cassis de Dijon?”. Responde outra vez em Português: “SÓ de Dijon!”. Encontram-se por todo o lado, por aqui até nem é surpresa, mas não tinha aspecto de ser Português. “como é que sabe que sou português?” perguntei. “Vi-o a chegar, com matrícula portuguesa. Das antigas”. “É um clássico, mas só o tenho à pouco. Comprei-o para esta viagem, custou-me mais recuperá-lo que adquiri-lo”. “Veio de Portugal com aquele carro, de onde?”. Senti a admiração... “Do Porto”. “Está de férias então, mas já esteve em França!” “Sim, já. Mas só umas semanitas. Como sabe?”. “Cá está, um Kir à portuguesa! caprichado”. Fez-se uma curta pausa. De menos de segundo. “Pediu um Kir, e isso não é vulgar num turista de fora”. “ Por cá à muito tempo?” perguntei confiante no sotaque típico de emigrante português em França. “Desde que nasci, os meus pais é que são portugueses, de Avintes”. Apeteceu-me rir... submerso no preconceito.

Ora aí está, um português nunca está só. E mais a mais até se esqueceu de me cobrar pelas bebidas: “Boa sorte na sua viagem!” Desejou, descrente da resistência da minha montada… Despeço-me e retiro-me.

Até me custa lembrar da porta do quarto! Por isso a numeração na chave. Genial! Agora sim, estou pronto para o descanso do guerreiro. No sexto canal um daqueles filmes franceses que aparenta ser dos anos setenta, clonados de Emanuelle. Os loucos dos anos setenta... Como os gostos mudaram. A historia decorre lentamente, e tudo o que se passa são as mamas minúsculas da artista principal. O argumentista parece querer explicar o caminho para chegar ao sado-masoquismo num ambiente romântico. Romântico literário. Romântico como a floresta Negra. O ideal para adormecer. Amanhã adivinha-se um acordar ressacado pelo branco seco do Kir.

Dia 2

Quinta-feira, 2 de Abril de 2009

O dia dos enganos passou-se e nem me lembrei.

Acordo com a ressaca esperada, conjuntamente com a azia, que embora não fosse de esperar, também não era uma completa surpresa. O Lanzoprazol também ficou para trás. Só trouxe mesmo muda de roupa para uma quinzena, portátil, telefone e os acessórios para o dia a dia. Refiro-me aos de higiene. Os chinelos de quarto do Lousteau eram geniais, até que mereciam o roubo da praxe. Mas isso é o que estão à espera de um português, logo ficam para trás.

Pequeno-almoço leve, check-out e hora de me meter a caminho. Olho para o Alfa. Cada vez mais sinto a ligação com o carro. Será psicose minha? Para já mais um dia ou dois de auto-estradas, mas depois, a merecida recompensa!

Foi uma noite repousante. Agora os Pirinéus de novo à minha direita. Estou em Toulouse a tempo do almoço.

Toulouse nunca me poderia surpreender porque simplesmente me passou até hoje completamente ao lado. Mas uma coisa me saltou logo à retina: o ambiente. Logo justificado pelo empregado da pequena esplanada onde me abanquei. Um quarto da população são estudantes. Talvez por isso o ambiente borbulhante e acelerado. E a concentração de decotes é altamente quente, tal como o clima neste dia solarengo e seco, não corre brisa. Faz-me lembrar Portalegre. Para almoço vou matar saudades do feijão e como cassoulet. Má escolha. Estranho o sabor das salsichas, ainda pior que Izidoro. Deixo esta cidade construida em tijolo burro com curiosidade de saber como será à noite.

Direcção Mediterrâneo, Marselha. Chego à costa, mais precisamente Narbonne. A partir daqui sempre ao longo do mar. As cidades ao longo da costa sucedem-se: Narbonne, Béziers, Montpellier, Nimes, Sallon-de-Provence, só paro em Marselha, após quatro horas seguidas sem parar. Tempo de aconchego ao estômago e de esticar as pernas.

Curioso o mosaico de culturas em Marselha. Como peixe seco numa banca magrebina regado com Ricard diluído com água. Até nem costumo ser grande adepto destas bebidas anisadas, mas que o peixe puxa isso puxa! Que mistura explosiva!... Quando me preparo para sair de Marselha, menos de uma hora depois de chegar o estômago já clama por mais. Foi do Ricard diluído? E pelos vistos diluído directamente nos meus neurónios, como se tivesse levado um chuto na testa. Não resisto a parar numa rua decadente mas luminosa entre o Mar Mediterrâneo e umas barracas de madeira cinzenta, velha e podre. A cabeça pede descanso, e a preguiça que me está a dar(!)… Encosto-me ao encosto de cabeça. Mas o ambiente é muito pesado lá fora. Decido fazer o menos aconselhável, sair do carro e caminhar um pouco, ao longo do cais de madeira. O ambiente é mesmo esquisito! Volto para o carro em menos de cinco minutos. Que quadro! O carro ambienta-se mesmo! Parece ser local! Hora de ir embora.

Vou ter mesmo de ir com tábua pregada! Mas mal entro na auto-estrada avisto dois carros patrulha em menos de três minutos. A estrada mais patrulhada do Mundo? Parece. E o meu carro parece ser a estrela deste filme, pelo menos desde que cheguei a Marselha.

Decido parar em Aix-en-Provence, passada apenas meia hora. Janto por aqui. E durmo por aqui também, pois estou a aproximar-me perigosamente de Mónaco e tem de sobrar alguns cobres para o resto da viagem. Fico no Hotel de France. Janto no Hotel de France. A entrada estilo artes e ofícios fica muito bem num hotel em Aix-en-Provence chamado Hotel de France, e o quarto é mesmo simpático

Dia 3

sexta-feira, 3 de Abril de 2009

Parto de manhã cedo mal o check-out me foi permitido: 7 horas da manhã. Não vou repetir os erros de ontem. França era para atravessar num dia. Meto-me a caminho. O meu carro continua a atrair olhares policiais como se tivesse mel. Nunca vi tantas patrulhas por quilómetro como nesta estrada, principalmente depois de me abeirar do mar. Decido sair da auto-estrada em Cannes. Apetece fazer a Côte d’Azur por estradas locais, apreciar a calma e o Sol locais.

Uma hora perdida em Cannes, onde tudo parece tirado de uma aguardela em tons pastel. Volto à auto-estrada. Destino: principado do Mónaco.

Chego ao Mónaco às dez e um quarto. Aqui o interesse vai ser passar pelo túnel e pela curva apertada incluídos no circuito urbano de fórmula 1. Continuo a achar que há polícia a mais por estas bandas. Hora de deixar a terra dos iates e partir de novo para a estrada. Passo ao pé de San Remo mas decido não parar, vou para Génova. Onde chego já depois da 1 hora.

2º parte

Itália! Que país maravilhoso! Sentímo-lo ainda antes de cruzar a fronteira. Maravilhosa cultura latina no seu pico! Outra boa notícia: chego hoje a Stélvio, o objectivo desta viagem.

Génova, cidade consagrada a um dos pecados capitais. A soberba. É sem dúvida o pecado mais insuportável. Mas perante o que nos entra pelos olhos a dentro… É uma cidade soberba, plantada numa encosta frente ao mar, com um porto magnífico e este peixe é delicioso! Gloriosamente regado a Cinqueterre, orgulhosamente básico. Faz-me lembrar algum vinho da casa que tenha bebido numa tasca em Portugal. Sinto-me em casa. Parece que estou na minha terra, mas com uma paisagem e língua diferentes. Pelo menos se eu pudesse ter uma segunda casa, a Ligúria seria a maior candidata. Léon valeu pelo que os olhos viram, Génova vale pelo que todos os sentidos sentem. Cada vez mais consigo o efeito pretendido quando me decidi por esta viagem. Hora de me levantar para os últimos 370 km para chegar ao Parque nacional de Stélvio, nos Alpes.

Cinco menos um quarto: Milão. Meu Deus, Itália é mesmo sumarenta! Concentrado de quadros edílicos. Prometo que paro só por uns minutos. Tanto para vêr... Tudo fica por ver! Muffin num McDonald’s e já estou na estrada de novo. Passo por Monza pouco antes das seis.

Agora sim, vou ver a personalidade do Alfa 75. Como ele se portou bem até agora no caos de Itália! Mas a partir de Monza entramos num Mundo completamente diferente: as curvas ascendentes até aos Alpes.

3ª parte

A estrada serpenteia, o Alfa comprova a sua agilidade com temperamento latino. As descargas de adrenalina sucedem-se, a máquina infernal solta os seus 150 cavalos tudo menos amestrados. O carro não ameaça virar-se contra mim, perdoa os pequenos erros, estende-me o braço quando parece querer fugir. Este carro quer a minha confiança. Mas por vezes parece também dizer nas entrelinhas que não vai admitir um abuso que seja. Esta é uma relação, um casamento entre o homem e a máquina. A máquina é uma senhora à mesa, com o seu conforto e equipamento e pose na estrada. Mas é uma louca na cama, entusiasmante e desvairada nas curvas e à saída delas. Impressionante a simbiose entre a estrada, a máquina e o homem. A direcção dá-me toda a informação que preciso, interpreta na perfeição todos os meus comandos. E que bem que medeia toda a minha relação com o asfalto.

Isto promete.


09 setembro, 2009

Vou traduzir (ou tentar) uma notícia que li na web acerca do nosso jardim à beira mar plantado:

“Oh Senhor, podem as coisas ficar ainda piores? Conseguiste finalmente a compra de um dos teus carros de sonho. O único no país, até. Vais levantá-lo ao stand e tomas consciência que é tudo o que sempre sonhaste e desejaste num carro. É um Fiesta 2.0 ST (que é a mesma coisa que TS, ou tarado sexual - esta fui eu que inventei). Tem motor de 150 cavalos capazes de acelerar até 210 km/h, ou até mais se houver estrada suficiente. Mas como se trata de Portugal, se calhar são 90Km/h a mais... embora queiras abrir as válvulas sempre que o permitam. Até nem mantiveste segredo que chegar aos 210 é uma facilidade e que agradeces a Deus nunca teres sido apanhado pela pesada mão da fiscalização. Até nem és do género de não quereres partilhar estes prazeres terrenos.

Mas agora chega um grupo de auto intitulados cidadãos auto-mobilizados a fazer campanha por estradas mais seguras, e decide fazer uma caça às bruxas. Até se dão ao trabalho de escrever para o Vaticano para te encorajar a resistir às tentações da velocidade. O porquê de envolver o Vaticano? Porque és um padre, é por isso! Esta é a história do padre António Rodrigues, o único dono em Portugal de um Fiesta 2.0 ST. Tu até dizes que não és nenhum louco por velocidades, mas que queres ser capaz de estar presente a tempo e horas nas missas das três paróquias a que presides. A associação cita parte da sua carta ao Papa: “ Nós pedimos a sua Santidade que ajude este infeliz a ponderar a gravidade dos seus actos, a resistir à tentação da velocidade e aceleração”

Como se não bastasse o voto de castidade, agora isto!”

Digno de aparecer naquele programa da Euronews, no comment.


Mas como neste espaço somos todos democráticos, mesmo mais ainda que José Sócrates, Manuela Ferreira Leite e ainda mais mesmo que Alberto João Jardim (agora que mencionei estes nomes vou conseguir a atenção da inteligência interna e daí talvez dos motores de busca...), então o que nós queremos mesmo é comentários!